O fato é que, de vez em quando, a gente perde o foco. Por excesso de tarefas ou então apatia, porque a cabeça dói ou as contas pesam, por falta de planejamento ou porque faz tempo deixou de sorrir também com o espírito, e não apenas com os dentes, a gente gasta energia com o que sobra e se esquece do que é essencial. As noites e os dias seguem, uns depois dos outros, como se a vida fosse um carrinho de supermercado repleto de carnes exóticas e desinfetantes orgânicos ocupando o espaço que devia ser das frutas, do arroz e [sujeito a discordâncias] da Coca-Cola.
Vai ver há pressão demais, pressão por metas, pressão por objetivos, por lucro, por economia, pressão por resultados, pressão por mais sucesso, por mais beleza, por mais riqueza. Vai ver é o trânsito, o atraso, a violência, o câncer, a poluição, a fome. Vai ver são outras questões ou então apenas as manias que parecem ditar o ritmo destes nossos tempos: acumular dezenas de histórias em uma mente que nunca descansa, falar muito e ouvir quase nada, colecionar gastos desnecessários com retorno duvidoso, fazer investimentos redundantes com resultados idem.
[Acho que era Albert Einsten quem dizia, possivelmente com toda a razão, que loucura era querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente do mesmo modo].
O culto ao supérfluo encobre o que realmente importa, torna mais longo o caminho entre nós e o que nos faz realmente felizes, atrapalha as construções e até aquela dispersão boa, de quando a gente deixa de ter pressa, para o mundo por uns minutos e desce dele pra ver seu contorno, o gosto, o sol, a canção, a cidade e os afetos.
O essencial é justo o oposto. Significa seguir as verdadeiras intenções, a ideia central, a razão principal, o mais alto grau de importância, apesar das decepções, das dissimulações e das expectativas desfeitas. Denota estar inteiro em um projeto, um amor, um propósito, mesmo os mais simples ou os aparentemente malucos, como o do executivo que, cansado de viver de acordo com as demandas da sociedade, que não eram as suas, largou a Microsoft para alfabetizar crianças no Nepal e no Camboja.
O essencial é entender o que nos move, estar próximo do que nos emociona, investir no que importa e dispensar o resto, como o goleiro na hora do pênalti, a bordadeira no momento do arremate ou as crianças que, naquela tarde, brincavam alheias às promessas dos candidatos, ao destino dos royalties do petróleo, ao fim do casamento da atriz, a quase tudo. O essencial, no final das contas, tem a ver com ter foco, escolher o que compensa e, por fim, seguir a filosofia de quem pode tudo, mas nem tudo lhe convém.
maravilhoso texto!!!! Ana laura, saudades de
você!!!
Incrível!!! Parabéns Ana Laura!
Seus textos são ótimos!
Obrigada, Wesley, obrigada, Tainá. Que bom que gostaram 🙂
[…] as opções alheias afetam a fé que intimamente temos [ou não] nos outros e em nós, aceita que às vezes é preciso ter apenas o essencial para que todo o resto faça algum […]
[…] o que realmente importa é bom igual, aceitar o verde da grama da gente independentemente dos tons do jardim vizinho, estar […]
[…] Precisa de tempo e paciência, 30, 50, muitos minutos de retrospecto, atividade, reunião, panelas e um mundo inteiro descoberto ou revisto, muda de emprego, se decepciona com a ética frouxa do ser humano, uma entrevista que não dá pra esquecer, Quase um Segundo, cozinhar, rezar, confirmar uma escolha difícil e enfim saber como é bom entender o que realmente importa, aceitar o verde da grama da gente independentemente dos tons do jardim vizinho, estar inteiro em um projeto, um amor ou um propósito, ficar próximo do que nos emociona e dispensar o resto. […]
[…] novo ou os desejos que nasceram com ele, buscar cada vez menos os analgésicos para dor de cabeça, precisar de cada vez menos coisas para ser feliz, cuidar um pouco melhor do corpo, escrever todo dia, trabalhar com o zelo de sempre, comer devagar, […]
[…] dias do ano e apesar do tempo que às vezes não há, no Dia Fora do Tempo a ordem podia ser entender o que realmente importa, ficar próximo do que nos emociona e dispensar o resto, celebrar o sol tímido dos dias de julho, o cardápio à base de legumes, chocolate e Coca Cola, […]
[…] Depois do vento sul, amadurecidas as colheitas e a vida outra vez tomada pela leveza dos começos, pela fé no movimento e pela esperança em dias melhores, é hora de entender o tempo, investir na capacidade de superar as adversidades, suavizar antes da explosão, reduzir as expectativas, escolher o que compensa e seguir a filosofia de quem pode tudo, mas nem tudo lhe convém. […]
[…] jogar conversa fora, escolher a música certa pra cada ocasião. Temos ao que parece mais afinco em descobrir o que realmente importa, tornar mais curto o caminho entre nós e o que nos faz de fato felizes, mergulhar inteiros em um […]
[…] uma de suas paixões optou por fazer o que talvez a gente devesse praticar um pouco todos os dias: apostar no essencial, entender o que nos move, estar próximo do que nos emociona, investir no que i…, como o goleiro na hora do pênalti, a bordadeira no momento do arremate ou as crianças que […]
[…] [É aquela história, sem tirar nem pôr: o essencial tem a ver com ter foco, escolher o que compensa e seguir a filosofia de quem pode tudo, …]. […]
[…] aquela história, sem tirar nem pôr: o essencial tem a ver com ter foco, escolher o que compensa e seguir a filosofia de quem pode tudo, mas nem tudo lhe […]
[…] tempos de paz, reacender a memória dos lugares de harmonia, voltar à natureza das coisas puras, trilhar uma vez mais o caminho do essencial, de estar próximo do que nos emociona e dispensar o […]
[…] o que nos move, estar próximo do que nos emociona, investir no que importa e dispensar o resto. O essencial é aquela história de tempos atrás: escolher o que compensa e seguir a filosofia de quem pode tudo, mas nem tudo lhe […]