Era um pisciano típico, devotado ao momento, desligado em excesso, desapegado das coisas todas menos da diversão e dos afetos, representante autêntico da fuga que deixava escapar em expressões soltas no meio das frases, personagem de uma realidade tão verdadeira quanto a física, um bocado charmoso, quase frágil, saltimbanco como os do disco – cachorro, galinha, jumento e gata aliados da sorte, movidos pela liberdade, alimentados pela boemia.
“Quem há de negar
Que é bom dançar
Que a vida é bela?”
Escapava, nutria possibilidades que desapareciam um momento depois, dizia pelos olhos e pelas pausas os nãos que parecia ter vontade de dizer com a boca; e com o silêncio e as ausências dava seu recado, dizia mais do que todo o resto das palavras, uma depois da outra, inclusive as inventadas.
Sentia as sensações inteiras devagar, alegria, cansaço, prazer, encanto, fé, desejo, fome, lembrança, vontade, doce, amargo ou indiferença, numa lógica difícil de entender, talvez um pouco caótico como os vizinhos aquarianos – excessivamente dedicados às pessoas e às coisas e às causas, um humor muitíssimo particular, um jeito [admito] esquisito nas roupas, racionais até o talo na busca por compreender pela razão até as emoções mais inexplicáveis, o absoluto desprezo pelas convenções e pelas amarras.
“Alô, liberdade
Levanta, lava o rosto
Fica em pé…”
Em comum, tinham o samba rock, o sangue latino e o gosto pela madrugada. Tinham o mesmo olhar diante de um copo meio cheio meio vazio, mas doses um pouco diferentes de esperança diante das relações à espera de cuidado. Tinham a simplicidade no modo de levar a vida e a vontade de ouvir todas as canções do mundo, uma depois da outra, e rir delas e do mundo todo fora delas, tom maior sempre que possível, letra, melodia e, de preferência, balanço.
“Let’s get it on
You know what
I’m talkin’ about”
Depois, vai saber.
[um texto de junho de 2009, em homenagem aos piscianos de então, de agora e de sempre]
EEEPA! SOU PISCIANO SIM E QUERO UMA CRÔNICA ESPECIAL PARA MIM! ABRAÇO CARINHOSO
[…] de fazer. Nasci em Aracataca, Colômbia, há quarenta anos, e ainda não me arrependi. Meu signo é Peixes e minha esposa é Mercedes. Sou escritor por causa da timidez. Minha verdadeira vocação é ser […]