Era essencial entender as histórias que eles contavam, ouvir as canções que eles cantavam, olhar as rugas que carregavam e que diziam, também, sobre histórias e sobre canções, sobre amores perdidos ou quem sabe um romance para a vida inteira, sobre um filho que partiu antes do que devia ou quem sabe a família toda ao redor da mesa, sobre a derrota no futebol ou quem sabe uma alegria.
[Um café, um sorriso, um texto bem escrito, uma descoberta, uma resposta, um convite, um disco inteiro do Geraldo Pereira, brigadeiro de colher, cinema, boteco, a madrugada sem despertador no dia seguinte, sonho, Paris, Nova York, livro, travesseiro, cheiro de amêndoa no cabelo, um encontro, uma alegria enfim].
Era essencial diminuir o ritmo, acertar o movimento, ajeitar o andamento, um intervalo depois do outro e quem sabe uma pausa da semínima, como se aquela terça-feira à noite de trabalho e cansaço fosse um sábado de sol, feira, planta, faxina, família ou o poema do Vinicius, “não há nada como o tempo para passar foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal” amém.
Era essencial estar ali, aprender um pouco além dos livros, encontrar um mundo diferente do habitual, reconhecer o esforço alheio de não desistir apesar das provas em contrário, pedir de novo apesar das recusas, sonhar de novo apesar das expectativas desfeitas, voar de novo apesar das quedas, insistir em nome de uma vontade maior ou quem sabe uma alegria.
[Nutella, esperança, samba, sereno, caipirinha de melancia, bicicleta na praia, um disco inteiro dos Beatles, uma semana toda sem dores na coluna, amigos de verdade, violão e cantar desafinado, os jornais do final de semana espalhados pelo chão, aquela presença silenciosa, suave e distante, uma alegria enfim].
Era essencial como as coisas que realmente importam, um olhar sincero, algum conforto, música boa, aprender, sorrir, acreditar, sonhar, ouvir, dançar, uma casa inteira de livros e discos e a horta vigorosa feita de manjericão, sálvia, hortelã, erva cidreira e nada de coentro [eca].
Era essencial como aquela sensação boa que começa na ponta do dedo e toma o corpo inteiro, coração e cérebro especialmente, e ainda os braços, o tronco, as maçãs do rosto, os dedos, as pernas, tudo. Era essencial como as coisas que realmente importam, honestidade, sinceridade e, sempre que possível, simplicidade, movimento, abraço, planos para o futuro, óculos para longe, silêncio, gargalhadas, encontros e reencontros.
Era como são, também, canções e colo, desapego, estrada, chocolate, afetos e, se ainda assim for preciso, a possibilidade redentora de sentar e chorar diante das expectativas desfeitas.
Ana, seu texto ficou maravilhoso, muito obrigada!!!!
Que bom, Wesley. Obrigada pela visita por aqui. Caio, prefiro acreditar que sempre dá tempo [de alguma coisa, mas dá]. Um ótimo 2011 pra vocês!
Hoje sei mais que ontem o que realmente importa. A gente só fica esperando que, em alguns casos, não seja tarde demais. E vida que segue, como diria o João Saldanha.
Bjs, Ana.
[…] mas doses um pouco diferentes de esperança diante das relações à espera de cuidado. Tinham a simplicidade no modo de levar a vida e a vontade de ouvir todas as canções do mundo, uma depois da outra, e […]
Lindo. Como sempre.
Beijo Ana!
Obrigada, Leo. Beijos
[…] temporada em que uns compram enlouquecidamente inspire outros ao desapego, ao árduo trabalho de deixar o superficial para cada vez mais abrir espaço ao fundamental, escolher, organizar, descartar, mudar. É difícil, mas funciona. O planeta agradece. A alergia, a […]
[…] num mundo em que um, não a outra, determina a maior parte das relações, e pouco importa o que realmente importa: um café, um sorriso, uma descoberta, uma resposta, um convite, brigadeiro de colher, cinema, […]
[…] um encontro bem-sucedido, minha hora favorita aos sábados, uma declaração de amor, a primeira frase que a senhorinha leu tão logo aprendeu a ler, o silêncio sossegado que construímos para descansar do barulho que vem de […]