Tenho uma teoria: os botecos, o tempo, as perguntas e as canções fazem do mundo um lugar mais saudável. O tempo [santo remédio] porque põe as questões em outra perspectiva, quase sempre mais suave, como deviam ser desde sempre, leves como leve pluma muito leve. As perguntas porque são capazes de dançar, desregradas e desimpedidas. As canções por tanta coisa que nem cabe e os botecos porque igualmente cantam, dançam, libertam e, além, ainda, ajudam a entender perdas, chegadas e séries de TV.
Ali, entre a coxinha da Conceição, o gim do Bino e o Jack Peach do Don C., a gente digere ou tenta saber das coisas, seus propósitos, as razões de elas acontecerem, um mundo silencioso à espera de respostas, a arte da fuga, a beleza do balanço, o gosto pelo sereno [e o mundo que é pequeno pra segurar], as palavras inventadas e os quadros pendurados na parede imaginária da existência. A gente ouve os outros e, enquanto ouve, descobre mais sobre a gente mesmo, os princípios, a fé ou sua falta, os planos e o quanto precisa do braço, do cheiro e de café.
Ali, entre um jazz, um roquezinho e um samba, a gente entende ou tenta os planos e as surpresas, os encontros, os reencontros, os desencontros e a convivência, estranhamente possível, entre cotidiano e acaso, rotina e surpresa, matemática e arte, métrica e sentimento, os fenômenos que se repetem regularmente e os fatos inesperados. A gente pensa sobre o bem, o mal e o que não sabe, a ordem e o caos, o ciúme e o desapego, a decepção e a capacidade racional de seguir em frente, instinto e raciocínio, intuição e evidências, desejo e contenção, um depois do outro, às vezes todos juntos.
Ali, à meia luz das mesas sob as árvores na Joaquim Lírio ou comendo o crepe da esquina da Rio Branco, a gente descobre e redescobre afetos, compartilha ideias, novidades e memórias, mastiga os livros, as faltas e os fatos, conhece ou reconhece os outros e fala da vida, fala incansavelmente. Ali, naquela sexta embalada por bolinho cearense com caipirinha de abacaxi, as coisas parecem se encaixar como há muito não faziam.
Ali, entre as cinco da tarde e as duas ou mais da madrugada, entre o sino da São Francisco e os ônibus que passam pelo Siso, a gente samba e se encanta pela ginga, pelo olhar, pelo abraço, pelas possibilidades imensas que têm os começos das boas histórias. Ali [a comunidade sabe] a gente leva a vida como Geraldo, Angenor, Nelson, Heitor, João, Noel, Ivone, Jorge, Clementina, Adoniran e Alfredo dizem que deve levar. A gente vive com alegria, poesia e às vezes melancolia, numa combinação que purifica o sangue, ameniza as dores e alimenta o coração, exatamente como fazem os melhores remédios.
[…] os exaustivamente sérios estimulam uma incontrolável vontade de diversão, Charles Chaplin, botecagem, Beatles, o futebol do Robinho (que pena que não deu), Woody Allen, “Gilmore Girls”, chocolate […]
Vc ainda vai ao Bino, Ana?
Como andam as coisas por lá?
Foi um lugar (o primeiro, ali pela década de 80) que fez parte de minha história. E faz tempo que não vou…
Quase nunca, desde a Lei Seca, Caio…
É verdade, esqueci a Lei Seca…
[…] os exaustivamente sérios estimulam uma incontrolável vontade de diversão, Charles Chaplin, botecagem, Beatles, o futebol do Robinho (que pena que não deu), Woody Allen, “Gilmore Girls”, […]
[…] bem voltar pros afetos, pros botecos da Praia, pros almoços de domingo e aquele macarrão com frango à milanesa (delícia) que tem na […]
[…] Tem dias em que a gente olha em volta e o mundo inteiro parece estar com o coração partido. O assunto das madrugadas são as ausências e as saudades, as madrugadas em si são feitas igual, de vazios e faltas, o […]
[…] comum, tinham o samba rock, o sangue latino e o gosto pela madrugada. Tinham o mesmo olhar diante de um copo meio cheio meio vazio, mas doses um pouco diferentes de […]
[…] de tarefas, trânsito difícil, jantar, canções, faxina, telefone e molhar as plantas, um texto, boteco, insônia e outra vez o sol à espera de sorrisos que no momento não […]
[…] o seu amor. Nascem de um detalhe, uma palavra bem colocada, uma visita, um telefonema no meio da madrugada, um encontro, um abraço, um olhar, um presente feito à mão, a própria mão encostada de um […]
[…] do afeto. O amor às vezes separa, mas também junta, como o sentimento daquele bom companheiro dos botecos rodeado de promessas que foram se esfarelando pela vida: Barney Panofsky, protagonista marcante de […]
[…] Eles são deliciosamente alimentados nos almoços, nos diálogos e na escolha dos poemas, nos botecos, nas paredes e no quente do edredon, pela Matemática, pela Geografia e pela lógica da Natureza. […]
[…] falar a verdade, engolir pizza de ontem e Coca Cola às oito da manhã, falar das dores nas noites de terça, ver Por uma Vida menos Ordinária de novo e de novo e suspirar pelos dentinhos amarelos do Ewan […]
[…] possível que não houvesse a arte da botecagem, os encontros, os reencontros, os desencontros e a convivência entre cotidiano e acaso, rotina e […]
[…] da Betty Boop é bom [ou aqueles, de 30 palavras dispostas da maneira que a gente quer, casa você madrugada saudade silêncio interrogação e até palavrão], de como a linda frase que o Hermeto Pascoal […]
[…] viagem, os 90 anos da vó, um documento a ser assinado, um desafio no trabalho, voltar a pedalar, viver as madrugadas do mesmo jeito bom, batalhar pela manutenção do encanto diante do mundo, dos encontros, das […]
[…] que a gente ainda não visitou e as paisagens alheias que agora são também um pouco da gente, passar a noite em torno das mesas que libertam e, além, ainda, ajudam a entender as perdas, as cheg…, sorrir diante dos atos, dos fatos, dos relatos, dos encontros, da imaginação e do sensor de […]
[…] pela…comer, sorrir, liber… em as melhores noitescomer, sorrir, liber… em o remédio da madrugada palavras-chave35 Doses de Rum acelerador de partículas a música do dia ano novo as coisas erika […]
[…] vezes elas começam de quando menos se espera, um acaso no supermercado, um pedido sem compromisso, um encontro no copo sujo da esquina, um dia inteiro de folga em que não há nada além de estar, nem relógio nem telefone nem […]
[…] Daí concluímos: a inabilidade vem de longe, incomoda um bocado, atrapalha a agenda e dificulta o mundo das coisas práticas, mas faz parte de nós da mesma maneira que as canções, os filmes, as perguntas e o gosto pela madrugada. […]
[…] modo menos sistemático que no confessionário e quase sempre mais em conta que na psicanálise, na mesa de bar a gente se encanta pela ginga, pelo olhar, pelo abraço, pelas possibilidades imensas…, os princípios, a fé ou sua falta, os planos e o quanto precisa do braço, do cheiro e de […]
[…] vez olhei em volta e o mundo inteiro parecia estar com o coração partido. O assunto das madrugadas eram de novo os adeuses, as ausências e as saudades, embora as madrugadas em si fossem um pouco […]
[…] Sentado no bar de frente para a praia de areia fina e água fria, chorava a seco, porque há anos não bebia mais, álcool era artigo proibido em sua dieta. Negava portanto os melodramas tradicionais com seus personagens profundamente abatidos pela desilusão e extremamente alterados pela vodca ou gim, pelo conhaque ou pelo rótulo que estivesse ao alcance na prateleira. Sofria a seco, coitado, jurando que, dali em diante, amaria de maneira estoica, poupando o estômago de mais uma história de indefinições, impertinências e inconstâncias, poupando o coração já cansado de novos sobressaltos, poupando a literatura de mais um poema sem variação sobre o mesmo tema. […]
[…] de dizer do silêncio. Sabe que houve a solidão das ausências, o barulho dos excessos, o riso da madrugada, a inspiração das conversas e o amor que não cabe. Você sabe a respeito do esforço que houve […]